A frase “Penso, logo existo” do filósofo francês René Descartes sabotou drasticamente os processos de busca pelo autoconhecimento da civilização ocidental. Como mudar isso em nós?

O pensamento, que é só mais um atributo do Eu essencial, passou a ter uma relevância exagerada nas últimas décadas. É quase impossível não nos identificarmos com os nossos pensamentos, sejam eles bons ou maus. Cada pensamento tem a pretensão de ser muito importante. Para se ter uma prova disto faça o seguinte exercício: experimente ficar 5 minutos sem pensar em nada. Você verá o quanto é difícil ou até impossível manter sua mente em silêncio.

Eckhart Tolle, em seu livro “O Poder do Silêncio” começa falando sobre a nossa natureza essencial como um estado de calma. A calma é a consciência onde tudo é assimilado, é um espaço entre dois pensamentos, entre duas notas musicais, o vazio que, para algumas tradições, é entendido como Deus dentro de nós. É através da calma que experimentamos o silêncio e o estado de presença, no qual estamos libertos do condicionamento humano, mais precisamente das paixões e das fixações cognitivas.  

A mente humana tem um imenso desejo de saber e de controlar, assim sendo, ela nos impede de observar os espaços vagos, de contemplar integralmente o que está diante de nós, o que acaba nos confundindo sobre o que é ou não verdade. Não leve seus pensamentos tão a sério. Uma mente repleta de pensamentos contribui para um estado de sono existencial, de ilusão de si mesmo e dos fatos.

A verdadeira inteligência age silenciosamente, com uma mente tranquila. As grandes ideias e soluções de alguns problemas geralmente surgem quando menos esperamos – é um momento no banheiro, no jardim, meditação...

Existe uma dimensão de consciência mais profunda que o pensamento, é nesta dimensão que conseguimos tomar as melhores decisões e compreender a sincronicidade dos eventos ao nosso redor. Podemos chamar isto de sabedoria.

• Ant.
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